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O CIÚME
De acordo com os psicólogos israelenses Ayala Pines e Elliot Aronson, ciúme é "a reação complexa a uma
ameaça perceptível a uma relação valiosa ou à sua qualidade.". Provoca
o temor da perda e envolve sempre três ou mais pessoas:
- a pessoa que
sente ciúmes - sujeito ativo do ciúme
- a pessoa de
quem se sente ciúmes - sujeito analitico do ciúme
- e a terceira
ou terceiras pessoas que são o motivo dos ciúmes - o que faz criar tumulto.
Segundo a
psicóloga cliníca Mariagrazia Marini, esse sentimento apresenta caráter
instintivo e natural, sendo também marcado pelo medo, real ou irreal, vergonha
de se perder o amor da pessoa amada . O ciúme está relacionado com a falta de
confiança no outro e/ou em si próprio e, quando é exagerado, pode tornar-se
patológico e transformar-se em uma obsessão.
A explicação
psicológica do ciúme pode ser uma persistência de mecanismos psicológicos
infantis, como o apego aos pais que aparece por volta do primeiro ano de vida
ou como consequência do Complexo de Édipo não resolvido; entre os quatro
e seis anos de idade, a criança se identifica com o progenitor do mesmo sexo e
simultaneamente tem ciúmes dele pela atração que ele exerce sobre o outro
membro do casal; já na idade adulta, essas frustrações podem reaparecer sob a
forma de uma possessividade em relação ao parceiro, ou mesmo uma paranoia.
Nesse tipo de
paranoia, a pessoa está convencida, sem motivo justo ou evidente, da
infidelidade do parceiro e passa a procurar “evidências” da traição. Nas formas
mais exacerbadas, o ciumento passa a exigir do outro coisas que limitam a liberdade
deste.
Algumas teorias
consideram que os casos mais graves podem ser curados através da psicoterapia
que passa por um reforço da auto estima e da valorização da auto imagem. Porém
várias teorias criticam a visão psicanalítica tradicional (exemplo: esquizoanalize).
Outros casos
mais leves podem ser tratados através da ajuda do parceiro, estabelecendo-se um
diálogo franco e aberto de encontro, com a reflexão sobre o que sentem um pelo
outro e sobre tudo o que possa levar a uma melhoria da relação, para que esse
aspecto não se torne limitador e perturbador.
Conjunto
de emoções
Ciúme é uma
reação complexa porque envolve um largo conjunto de emoções, pensamentos,
reações físicas e comportamentos:
Emoções – dor, raiva, tristeza, inveja, medo, depressão e humilhação
Pensamentos
- ressentimento, culpa, comparação com o rival, preocupação com a imagem,
auto comiseração;
Reações
físicas - taquicardia, falta de ar, excesso de salivação ou boca seca,
sudorese, aperto no peito, dores físicas.
Comportamentos - questionamento constante , busca frenética de confirmações e ações
agressivas, mesmo violentas.
Ciúme
como mero sentimento
O ciúme, em
princípio, é um sentimento tão natural ao ser humano como o tédio e a raiva.
Nós sempre vivenciamos este sentimento em algum momento da vida, diferem apenas
suas razões e as emoções que sentimos. Como todo sentimento, tem seu lado
positivo e seu lado negativo.
Ciúme e
inveja
O ciúme está
intimamente relacionado à inveja. A diferença é que a inveja não envolve o
sentimento de perda presente no ciúme. Mas ambas são um misto de desconforto e
raiva e atormentam aquele que cobiça algo que outra pessoa tem. Quanto mais
baixa for a auto-estima, mais propensa está a pessoa de sofrer com um dos dois
sentimentos.
Outra diferença
entre ambos reside no fato de o ciúme, quando ultrapassa certo limite, se
transforma em patologia, coisa que não acontece com a inveja.
Ciúme e inveja
desviam o foco dos cuidados com a própria vida, tão preocupado se fica com a
vida de outra pessoa. Por outro lado, se enfrentados, podem levar a atitudes
positivas como melhorar a aparência, desenvolver novas habilidades e trabalhar
a auto-estima.
Ciúme
patológico
O ciúme
patológico é visto pela psiquiatria como uma espécie de paranóia (distúrbio
mental caracterizado por delírios de perseguição e pelo temor imaginário de a
pessoa estar sendo vítima de conspiração). Para o ciumento, a fronteira entre
imaginação, fantasia, crença e certeza se torna vaga e imprecisa, as dúvidas
podem se transformar em ideias supervalorizadas ou delirantes.
Quem sente ciúme
a esse nível tem a compulsão de verificar constantemente as suas dúvidas, a
ponto de se dedicar exclusivamente a invadir a privacidade e tolher a liberdade
do parceiro: abre correspondências, bisbilhota o computador, ouve telefonemas,
examina bolsos, chega a seguir o parceiro ou contrata alguém para fazê-lo. Toda
essa tentativa de aliviar sentimentos, além de reconhecidamente ridícula até
pelo próprio ciumento, não ameniza o mal estar da dúvida, até o intensifica.
A pessoa
ciumenta apresenta na sua personalidade um traço marcante de timidez e
sentimentos de insegurança, problemas que costumam ter raízes na infância .
Nesse caso, o tratamento passa por aplicação de técnicas de psicoterapia para
melhorar a confiança do paciente em si mesmo. O processo deve envolver sua
família pois, o apoio no lar é imprescindível nesses casos. Reduzido o
sentimento de insegurança, é esperado que diminua a aflição do ciúme. Só quem
confia em si mesmo pode confiar em outros, de modo que parece lógico começar o
tratamento pelo fortalecimento da autoconfiança.
Não menos
importante é atacar os sintomas físicos que o ciúme patológico provoca. O
desequilíbrio no sistema nervoso aumenta o nível de adrenalina, interfere na
dinâmica dos neurotransmissores e está na origem de muitas doenças
psicossomáticas. Por isso, é fundamental apurar as causas desses sintomas e
gastar a energia negativa em atividades como os exercícios físicos, meditação e
trabalho que traga gratificação.
Ciúme
entre irmãos
Muitos pais
consideram que o ciúme, raiva ou inveja não são sentimentos nobres e que
não podem conviver com outros sentimentos assim considerados. Ciúme e amor, no
entanto, não se excluem, irmãos podem sentir ciúmes um do outro e ao mesmo
tempo amarem-se. Neste ponto, não diferem dos adultos.
Alguns pais
ficam receosos quando decidem ter o segundo filho, por não se considerarem
preparados para dividir a atenção entre eles. Outros temem causar qualquer tipo
de sofrimento ao primogênito. É comum os pais se reportarem a suas próprias
experiências infantis e lembrarem como se sentiram com relação aos irmãos e ao
afeto de seus pais.
Um recém-nascido
demanda uma atenção mais intensa e imediata e o que acaba acontecendo é o
primogênito sentir-se prejudicado por não ter mais a atenção exclusiva dos
pais.
Ciúme em
cães
Apesar de o
ciúme ser uma emoção humana, muitos proprietários de cães notam que seus
animais de estimação parecem exibir comportamentos aparentemente ciumentos.
Geralmente isso ocorre quando uma nova pessoa entra na casa do dono e passa um
longo período de tempo com ele. Exemplos clássicos são novos parceiros e a
chegada de um novo bebê. São intrusos, invasores do território familiar, que
tomam o tempo precioso e exclusivo que o cão passava com seu dono e, por
consequência, eles se sentem negligenciados. Bem parecido com o que sentem as
crianças humanas quando ganham um irmão.
O cão nessas
circunstâncias desenvolve comportamentos depressivos como recusa ao convívio
social, inatividade e perda de apetite e, no limite, agressividade.
O processo que
desencadeia essa reação no cão é instintivo, somente na aparência parecendo-se
com o sentimento do ciúme. O cão, por instinto, é cioso de seu espaço, que logo
delimita, comportamento repetido de seus ancestrais que viviam na natureza.
Quando o espaço é invadido por outro animal, a reação é, por instinto,
agressiva. É a mesma reação que ocorre quando cães de guarda atacam quem invada
o local guardado.
Mas quando o
animal pressente que o intruso é pessoa ligada a seu dono, se vê impedido, pelo
adestramento, a reagir de forma agressiva, e daí, forçado a contrariar seus
instintos, desenvolve atitudes ciumentas.
Otelo
Otelo
mata Desdêmona (desenho de Josiah Baydell, século XVIII).
Como em
todas as tragédias, desde sua origem na Grécia antiga, o destino trágico dos
personagens centrais está traçado desde o início. Prisioneiros de suas próprias
limitações pessoais e sociais, são arrastados para ele e não podem mudá-lo.
Otelo, o
general mouro de Veneza, é prisioneiro da cor de sua pele. Por seus dotes
militares, é tolerado, mas não aceito pelos venezianos, que nutrem com relação
a ele sentimentos racistas. Otelo está ciente desse preconceito e se sente
inseguro. Para dissimular sua insegurança, comporta-se de modo grosseiro e
impulsivo, a ponto de intimidar sua própria mulher, Desdêmona.
A
insegurança de Otelo faz com que seja receptivo às intrigas de Iago, que
desperta seus ciúmes, insinuando um romance entre Desdêmona e Cássio. O ciúme
se intensifica ao longo da peça e culmina com o assassinato de Desdêmona pelo
marido. Uma acuada Desdêmona não pode também fugir a seu destino, como Otelo
não pode fugir do crime e de sua autodestruição.
O ciúme é
um tema fundamental na tragédia, pois além do ciúme de Otelo por Desdêmona,
temos o de Iago por Cássio , porque este tem um posto militar superior ao seu,
e o de Rodrigo, cúmplice de Iago, por Otelo, porque está apaixonado por
Desdêmona.
É em Otelo
que se encontra a mais genial e certamente a mais popular definição de ciúme:
ciúme é um monstro de olhos verdes (a green-eyed monster).
Como
podemos observar, toda a fonte do ciúme está lá atrás, em nossa infância. E
como tivemos muitas infâncias, também podemos dizer que estamos nos depurando
através do tempo e espaço.
Acredite
no seu potencial...
Acredite
que você, baixinho(a), magrinho(a), altinho(a), gordinho(a) ou seja lá a forma
em que você se encontra, você é único(a).
Você é filho do criador e por assim ser, tem suas qualidades e, estas só
serão vistas por quem lhe merece.
SEJA
FELIZ!
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